terça-feira, 24 de junho de 2014

Demolição

Então havia um muro
aparentemente forte,
aparentemente firme,
aparentemente.

E havia esse costume:
todos que passavam
davam-lhe uma pancada.

Às vezes fortes,
às vezes fracas.

Mas sempre,
ao menos uma
pancada.

Ninguém se preocupava com
infiltrações,
tempo,
ou possíveis rachaduras.

Apenas batiam,
batiam
e batiam.

Sem mais
nem menos
ele caiu.

Felizmente ninguém se feriu.

E no lugar de poeira,
exalou uma espessa fumaça de cigarro.

Todos dizem que eu fumo demais.

Culpo a meia dúzia de arrependimentos
que tenho na vida.

Meia dúzia que,
qualitativamente,
valem mais que doze,
ou até
vinte e quatro.

O problema de verdade está no concreto
e na infância.

Faltou cimento.

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